09 mai 2006

La dolce vitta



Gosto muito de icones. Talvez seja a infancia que tive, organizada muitas vezes ao ritmo do canal um e da tv dois, que fizeram de mim um escravo da estética do banal. De qualquer forma, grito ao mundo. Amo os icones. Ele é a lata vermelha, ele é a marca do carro que lembra o anarquismo e a paz, ele é a abelha que grita ao gafanhoto... Ontem passei numa rua também ela muito iconica aqui pela zona e comprei um filme de culto. Anita brincava na fonte, qual Heidi renascida, enquanto Marcelo, desprendendo elegancia a cada passo que dava, se arma de determinaçao para contemplar o seu rosto eburneo. Devo confessar que estes fotogramas provocavam na minha humilde pessoa o que certos simbolos ou destinos turisticos provocam a muita gente: uma espécie de cansaço sensorial ou fatiga emocional. Em poucas palavras, estamos fartos. Outro dia fui visitar a torre com a minha mae e, apesar de que uma construcçao de semelhante talante deixa a qualquer leigo em arquitectura e engenharia boquiaberto, demos por nos mesmos a comer croissants de microondas e a beber café em copos de plastico como em frente à rua das Trinas, esquina com a rua das Praças. Pensei que a vida decadente de Marcelo e de seus amigos teria em mim o mesmo efeito. Mas nao.
Gostaria muito que os actores que andaram na escola na mesma época que eu fossem mais iconicos e menos siliconicos. Gostaria muito que filmes como este provocaram em todos e cada um de nos essa vontade de criticar com elegancia. Que fossemos cuidadosos como a fidanzata de Marcelo sem deixar-mos de ser inconformistas como o tenta Anita. Não tem o senhor leitor a sensação de que os icones do presente, ou melhor, dos que se inscrevem para se projectarem como simbolos do futuro, estao cada vez mais longe do humano para se tornarem em monopolio das novas tecnologias da comunicação? Senão vejamos. Anita e Marcello sao sem duvida mais atraentes do que uma maquina de escrever Olimpic de 1960. Mas serao Kate e Leonardo mais bonitos do que um iPod? Parecem-me sem duvida mais pirosos. E diga-me uma coisa, senhor leitor: alguma vez pensou ver na televisao ver um anuncio da Jaguar? Ainda por cima a falar de crédito? E turbodiesel? Kate Winsolw é sem duvida uma Anita Ekberg turbodiesel.

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