
À medida que me aproximo da calçada do atrio central, sou comprimentado pela manhã austera que me reserva o mês de Fevereiro. Não me posso queixar, pois ja fui presenteado pelo dito com o fim dos exames do primeiro semestre. E eis-me à porta de casa. Da casa de umas sete familias, mais loja de onerosos productos e dois estudantes arrumados como lego numa caixa, la no topo. Hà quem lhe chame àguas furtadas. Aqui dizem-lhe chambre de bonne, chambre de bonne femme. Curioso que as criadas sejam boas mulheres. Por outro lado; que remédio.
Ao sair; o ar frio que não consegue parar os meus movimentos tenta roubar-me as orelhas. Aloja-se em cada um dos poros da minha cara, ao que estes respondem determinados. E tudo flui. Marcho destemido. Ao longo do trajecto, a Igreja de Saint Germain funde-se no docil nevoeiro que conforta a sua torre. Desenho, com o movimento das minhas pernas, linhas imaginarias que não são mais do que o desejo frustrado de seguir o ritmo de Jay Kay. É a ditadura dos Mp3 a transmitir uma nicotina indispensavel aos pendulos diarios das nossas cidades.
E de repente imagino. Tudo começa pelo semaforo.
Deixa de apresentar as cores, enfure
cido. Recusa-se a cumprir com as suas funções.
Depois, a passadeira move-se como uma serpentina e os três senhores de gravata que passam no momento deixam cair as tristes malas, sententindo um certo ritmo. Olham para o céu, quel cliché anunciado, e convidam a senhora do Twingo a dançar. Ao mesmo tempo, as nuvens abrem espaço a um verdadeiro fluxo de luz, amena por ser manhã, mas que convida os autocarros a parar e as gentes a espreguiçarem-se, acordando do sono do pendulo. Os predios delicados de tons pastel experimentam novas formas e abrem alas às senhoras sérias das lojas mais requintadas, agora desejosas de fluir, de pegar nas malas e nos sapatos e nos chocolates e nos bolos e nos relogios e em tudo o que se predispõe nas montras e dançam. As notas musicais concedem, a partir das vibrações que irrompem nos meus auscultadores, as pautas necessarias pare que todo este espectaculo de abstracão se desenvolva em toda a sua plenitude. Eu sigo o meu caminho. Dobro à esquerda na rua de Rennes, onde a loja dos correios, contaminada pelos espamos inabituais a estas horas do dia, se transforma numa dancetaria improvisada, na qual até os cartazes que nos prometem uma vida melhor se enviar-mos postais se rendem às evidencias do momento.
Mas a caminhada de um quarto de hora não é eterna. Ao sentir o frio que na realidade nunca me abandonou, baixo o som do aparelho. O carro segue o seu caminho, os homens voltam ao seu percurso, os prédios do sexto bairro voltam a ser formais, as lojas ganham a arrogância que tinham deixado no chão, ao lado da passadeira que serpeteava. Esta volta a cumprir religiosamente com a sua função de separar os que caminham dos que se fazem deslocar e de tentar impedir que, estranhamente, alguém ponha limites à existencia de um terceiro. Abandono a cena e agasalho-me, construindo um elemento de metalinguagem que expressa a minha distancia respeito desta cena, que, de facto, nunca existiu.
Ja perto do Instituto, deixo que tudo se dilua em fumo espesso e morno, que ganha rapidamente os contornos do ar, para passar desapercebido pelas gentes. Contemplo as arestas sérias e sacralizadas de Paris 2 e encho o peito de impeto antes de apresentar o cartão amarelo que me permite fazer parte de tão douta instituição. E mais uma vez, venci o pendulo.

Depois, a passadeira move-se como uma serpentina e os três senhores de gravata que passam no momento deixam cair as tristes malas, sententindo um certo ritmo. Olham para o céu, quel cliché anunciado, e convidam a senhora do Twingo a dançar. Ao mesmo tempo, as nuvens abrem espaço a um verdadeiro fluxo de luz, amena por ser manhã, mas que convida os autocarros a parar e as gentes a espreguiçarem-se, acordando do sono do pendulo. Os predios delicados de tons pastel experimentam novas formas e abrem alas às senhoras sérias das lojas mais requintadas, agora desejosas de fluir, de pegar nas malas e nos sapatos e nos chocolates e nos bolos e nos relogios e em tudo o que se predispõe nas montras e dançam. As notas musicais concedem, a partir das vibrações que irrompem nos meus auscultadores, as pautas necessarias pare que todo este espectaculo de abstracão se desenvolva em toda a sua plenitude. Eu sigo o meu caminho. Dobro à esquerda na rua de Rennes, onde a loja dos correios, contaminada pelos espamos inabituais a estas horas do dia, se transforma numa dancetaria improvisada, na qual até os cartazes que nos prometem uma vida melhor se enviar-mos postais se rendem às evidencias do momento.
Mas a caminhada de um quarto de hora não é eterna. Ao sentir o frio que na realidade nunca me abandonou, baixo o som do aparelho. O carro segue o seu caminho, os homens voltam ao seu percurso, os prédios do sexto bairro voltam a ser formais, as lojas ganham a arrogância que tinham deixado no chão, ao lado da passadeira que serpeteava. Esta volta a cumprir religiosamente com a sua função de separar os que caminham dos que se fazem deslocar e de tentar impedir que, estranhamente, alguém ponha limites à existencia de um terceiro. Abandono a cena e agasalho-me, construindo um elemento de metalinguagem que expressa a minha distancia respeito desta cena, que, de facto, nunca existiu.

Ja perto do Instituto, deixo que tudo se dilua em fumo espesso e morno, que ganha rapidamente os contornos do ar, para passar desapercebido pelas gentes. Contemplo as arestas sérias e sacralizadas de Paris 2 e encho o peito de impeto antes de apresentar o cartão amarelo que me permite fazer parte de tão douta instituição. E mais uma vez, venci o pendulo.
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