04 juin 2006

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro.


Lembro-me como se fosse hoje. Os gelados com a cabeça do Dartacão ( sabor a baunilha) nas praias do outro lado da ponte. Transportado naquele carro cor de laranja feito de fibra e plastico, com uma capota de lona. Vagueava pela praia à procura da senhora dos bolos. Eram enormes, aqueles bolos. Dispostos numa espécie de disco voador, com a base em verde inglês e a tampa de plastico, muito baço.
Adorava o homem dos gelados. Roupas a condizer com aquela mala térmica. Tudo muito alvo, talvez para não se queixar da temperatura do sol da caparica. Mas o mais importante, o que o senhor trazia na mala termica: o troféu. O gelado do Dartacão. Passara provavelmene uns bons vinte minutos a ver mais um episodio da série espanhola poucas horas antes de sairmos para a praia.
O refrão do genérico nunca fora traduzido e isso confundia-me. Esperava horas olhando para a Grundig decorada a madeira, depois de ouvir o hino de abertura da RTP. Acho que nessa época, a emissão parava algumas horas durante a tarde. Como se os trabalhadores podessem descansar. Aquela cabeça de cão com um chapéu de mosqueteiro reservava-me uma surpresa que ja conhecia. Mas que vivia sempre como se fosse a primeira vez. Deveria custar 35 escudos, aquele gelado Que bela época!
As viagens pela ponte vermelha faziam-se com o radio de fundo (...)

Disseram-me que tinha escrito um bonito texto. Por isso resolvi fazer este novo post com os primeiros parágrafos do mesmo. Se quiserem ler o resto ( não é demasiado comprido), procurem nas gavetas do mês de Maio.

No Hexágono dos pequenitos
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1 commentaire:

Duarte a dit…

Ontem andei num Mehari pelos caminhos de terra à volta da praia dos Aivados. Acho que fiquei mais novo.