12 novembre 2006

Revista Hexagonista -Eleições nos EUA.







Parece uma vergonha que um blogue feito por quem se tem como aprendiz de politologia seja tão parco no que respeita ao acompanhamento da actualidade internacional. Sim, senhor leitor, peço desculpa por não ter enchido tão hexagonais paginas ( imagine, um livro hexagonal ) com todas as impressões que os meios de comunicação social deste e do outro Mundo deixaram a cada momento do vote counting e tal. Vale mais tarde do que até que fura. Dizia sempre a minha avo. Na verdade, queria ter começado esta frase com "Ja dizia...", mas o teclado da excepção cultural não da tréguas à redacção hexagonista ( ou seria hexagonal? ).




A ideia que ficou - e bastou com ter o radio ligado mais do que cinco minutos para ficar a sabê-lo, foi que estas eleições intercalares constituiram um referendo à politica governamental. Para sermos mais exactos, tratou-se de uma resposta à politica internacional (leia-se Iraque). Mas ha quem diga que o pessoal não se interessa demasiado pelo que se faz la fora e que uma das causas mais importantes para a trasferência de poder foi o descontentamento dos hispanos, por exemplo, face ao endurecimento das leis contra os emigrantes sem visto de trabalho ou sem a famosa green card.



Aqui fica, para ja, um grafico com os resultados finais elaborado pela redação do grande New York Times, esse jornal que antes até justificava mais ou menos a guerra e que depois mudou de opinião, porque, como sempre me disse a minha tia Auzenda, os estupidos são os unicos que não mudam de opinião. Mas adiante; como não ha espaço neste blogue para lições de sistemas politicos comparados, achamos perfeitamente viavel a tradicional via enciclopédica popular - ou seja, a Wikipedia. Interessante desenferrujar as noções acerca de American Politics, que isto da superpotência, para se criticar, convém conhecer mais ou menos primeiro. Aconselhamos também a leitura desta gente, que tem um pouco a mania que sabe tudo, mas sempre lê bastante.



E uma das primeiras consequências do resultado das eleições foi o desejo de mudança sentido no coração do Tio George. Vai-se embora Donald, esse senhor da guerra, durão macho norte-americano como aqueles que a malta aprecia ver nos telefilmes da SIC antes de ir às manifs anti-capitalismo. De certeza que deve ter um Ford Crown Victoria ou um Lincoln Town Car. Se não sabe de que falamos, senhor leitor, informe-se, que nem so da Politologia vive o blogger, é preciso conhecer marcas de carros. O seu substituto, é, nada mais, nada menos, que um intimo dos Bush ( ou seja, é intimo dos arbustos ), um tal de senhor Gates. Antigo da CIA. Acho que com este dado temos tudo dito.





Mas a reviravolta do Senado e do Congresso vai deixar marcas. Ou melhor, vai mudar de rumo. Uma esquerdelha ( à americana) parece vir a ser a primeira mulher a presidir a Câmara de Representantes dos EUA ( abençoadas intercalares ). Bem ditas as coisas, vai ser a nova Speaker. Pelosi descende, como o nome de familia indica, de italianos radicados na Nova Inglaterra. Aqui fica um artigo interessante acerca da senhora que parece que decidiu entrar activamente em politica aos 47 anos e que aprendera a ler ao ajudar o pai no trabalho. Os resultados finais? O Senado contara agora com 51 Senators Democratas contra 49 Republicanos, enquanto que os resultados das ultimas eleições davam a vantagem ao partido liberal-conservador com 55 eleitos contra os 44 do partido progressista. Quanto ao Congress, a vitoria é mais ampla paras os Democratas, com cerca de 229 congressistas contra os 196 do partido republicano. Apos as eleições de 2004, os republicanos contavam com 231 lugares, enquanto que os democratas dispunham de 201.

Graficos do New York Times.

E se a presidência do Congresso fica para Pelosi, com um perfil fora do normal, o Senado não se fica atras. Este advogado do Partido Republicano, avo de 16 netos e Mormon ( sim! ), é menos estereotipavel do que à primeira vista possa parecer. Leia este artigo sobre Harry Reid, encontrado por nos na versão em linha do jornal Le Monde.



No Hexagono.







4 commentaires:

zero a dit…

É melhor você avisar o João Miranda ....

nohexagono@gmail.com a dit…

Que honra! Um intelectual no meu blogue! Amanhã quem vira?? Algum Chicago Boy???

Custódia C. a dit…

Estas aparentes novidades da política, na Terra do Tio Sam, parecem ir furar um pouco o esquema instalado. Mas será que conseguem?

intruso a dit…

...gostei do "mea culpa" inicial...
eheh

quanto às eleições a escolha... enfim, era previsível.

esquerdelha à americana (...o que é muuuito especial...)

entre o "mauzinho" e o péssimo... escolheram o "mauzinho"

:)


p.s.
quanto ao poema/letra no intruso, foi copiado, sim, de um site de letras (com subtracções onde estão as reticencias)

abraço