
Aqui no Hexágono interessamo-nos pela educaçao.
(Evitem piaditas sobre a paixao e tal)
O que queremos divulgar aqui é a entrada de Portugal no processo de Bolonha. Mais do que a conversao do país do bacalhau aos hábitos culinários italianos, trata-se da reforma do ensino superior europeu com o objectivo de crear un espaço comum a todos os envolvidos , no qual os diplomas passam a contar com reconhecimento formal nos distintos países que o compoem ( países como a Suécia ou a Grécia, na UE, mas também a Arménia ou a Suiça, fora da mesma instituiçao).
Interessante é o facto de que esta adaptaçao pareça ser uma anglosaxonizaçao do ensino, numa época em que ter um B.A. é mais interessante para o CV do que uma bagatela duma licenciatura. Organizado em três anos, o novo primeiro grau do ensino superior já existe desde há muito em países como o Reino Unido, a Irlanda ou os países escandinavos. Em França, a Licence era conferida aos estudantes depois do DEUG ou DUT (uma terminología interminável em França), pelo que a reforma daquele país foi realitvamente fácil, apesar das crises constantes.
A Itália contou também com alguns problemas. Os estudantes frequentam agora uma Laurea Triennale ( Licence em França, B.A. ou B.Sc. no Reino Unido, Belgica, Alemanha e países do norte europeu em geral) e posteriormente, a Laurea Biennale. Completam assim os 300 ECTS Só depois passam ao Master (!). De todas as formas, contam com o primeiro grau de ensino com cerca de 180 ECTS mais 120 ECTS no segundo grau ( que se chama Master em França, M.A. ou M.S.c noutros países como o Reino Unido and so on...)

A Espanha avança no sentido da reforma, mas mais devagar que Portugal, ao que parece. Se a Universidade Nova de Lisboa anuncia na sua página já ter entregue ao Ministério da Educaçao a lista das licenciaturas e mestrados de acordo com o Processo e se a Universidade de Aveiro apresenta já aos alunos a nova lista de cursos de acordo com Bolonha, a Universidade Complutense parece querer começar pelo telhado. Assim, na página online da instituiçao aparecem os novos Masters sem que existam primeiros ciclos. Nas universidades Autónoma de Barcelona ou de Granada, Bolonha está ainda longe. Talvez tenha, por outro lado, a sua lógica, uma vez que o título de Mestrado nunca existiu oficialmente em Espanha. Assim, os alunos que terminan as Licenciaturas podem aceder ao mesmo directamente. Aqueles que tenham completado os primeiros três anos da mesma têm igual oportunidade de fazê-lo. O Master fora considerado em Espanha como um título própio, por outras palavras, toda a série de certificados, pós-graduaçoes e diplomas de especializaçao de qualidade bastante variável. O DEA, Diploma de Estudos Avançados era frequentado pelos estudantes que seguiam para Doctorado. Em Portugal, o título de Mestrado fora criado no final dos anos setenta, estando tradicionalmente orientado para a investigaçao académica, sendo o equivalente ao DEA.
As vantagens teóricas da nova organizaçao dos planos de estudo sao muitas. Formaçoes mais adaptadas às necessidades reais dos alunos, aulas menos teóricas e aquelas que sao teóricas, mais pedagógicas. Os cursos serao mais breves. Há ainda a oportunidade de completar formaçoes duplas do tipo Direito e Gestao de Empresas, Ciências Políticas e Jornalismo, Economía e Sociologia, Medicina e Gestao Hospitalar ou Estudos Portugueses e Museologia... as hipóteses sao quase infinitas.
Neste sentido, o exemplo dado pelos países anglosaxoes é bastante positivo. Talvez o caso dos Estados Unidos ou Canadá seja um pouco exagerado, pelo menos para a concepçao europeia da formaçao superior. Os estudantes chegam a formar-se com primeiros ciclos duplos em áreas tao díspares como a Contabilidade e Francês ou ou Economia e Crimonologia. Os alunos fazem da vida profissional o que quiserem, mas, desde logo, fazem também o que quiserem da sua formaçao. Assim, um percurso podere ser exemplar nao só acadecimcamente, mas também pelo sentido da formaçao escolhida pelo estudante e pela forma como este a articulou. Um aluno perdido muda de Major e Minor constantemente, pois a possibilidade de escolha é enorme.
Uma outra vantagem é a criaçao de Mestrados profissionalizantes, permitindo a inserçao no mercado laboral. Imagine-se um estudante com o primeiro ciclo em Estudos Clássicos e Portugueses. Talvez possa completar a sdua formaçao com Museología, Gestao do Património Cultural, mas também com Jornalismo, Comunicaçao Empresarial, Administraçao Pública...
As desvantagens? Talvez essa excessiva obseçao pela eficácia e pragmatismo das formaçoes. Se a entrada para o mercado de trabalho é importante, essa velha maldiçao dos cursos "com saída" nao devería determinar as listas que as universidadeds entregam aos distintos ministérios de educaçao europeus. Que fazer com Filosofía, coma História da Arte, com as Humanidades (grande polémica em Espanha relativamente a esta última formaçao) e todas as Licenciaturas "sem saída"? Uma Universidade europeia com dez diplomas de primeiro ciclo, entre os quais Direito, Medicina, Engenharia, Informatica, Gestao, Ensino ( porque algum dia os professores actuais terao de reformar-se) Enfermagem e Arquitectura? Sería um pouco triste.
Em Portugal o medo é geral. Mas a adaptaçao à mudança precisa-se. A mudança assusta, mas deve ser encarada com optimismo. E Portugal é sempre mais europeu.
No Hexágono.
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