16 novembre 2006

Le mot n'est pas la chose.

Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando dispertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são
Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.
Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.
Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida.

Fernando Pessoa, 28-9-1933.
No Hexagono Pessoano.

1 commentaire:

Custódia C. a dit…

O nosso eterno Pessoa, sempre tão actual!
(Hoje estou a comentar na pausa do almoço)